A formação ética de um povo, os seus representantes e o seu governo
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| O convívio harmonioso dos seres humanos depende também das qualidades individuais provenientes de sua cultura religiosa ou ética |
Artigo inspirado em um comentário sobre as causas das manifestações populares que se iniciaram no Brasil em junho/2013
Ver também qual é a culpa de cada um
Precisamos olhar o problema das manifestações de junho/2013 também por um outro lado : Uns não fazem nada; uns só ficam reclamando; outros só ficam culpando o governo; outros vão às ruas se indignarem em protestos contra os políticos e os poderes econômicos dominantes. Tudo tem de ser feito, mas poucos veem que nós, como seres humanos, somos inerentemente exploradores uns dos outros. Todo mundo tem essa tendência : uns mais e outros menos. Então, precisamos nos olhar também.
Um mundo em crise
Vivemos em um mundo em crise. Crise de todo tipo : de valores, principalmente. Humanos superpovoando o planeta - embora exista todo o progresso tecnológico para potencialmente suprir as necessidades básicas de todos - estão se engalfinhando, assim como os ratos em experiências de superpopulação : começam a brigar uns com os outros e cada um a querer mais que o outro um pouco da pouca comida que lhes é oferecida.
Classes que dominam e exploram classes inferiores
Observem como a classe dos riquíssimos exploram a classe dos mais ricos, observem como os mais ricos exploram os ricos, como estes exploram e querem dominar os menos ricos e, quase finalmente estes, exploram, controlam e dominam as classes ainda inferiores a eles economicamente. E nestas classes inferiores, há sub-classes onde sempre a mais forte quer ganhar em cima da que lhe é inferior....e assim por diante, até chegar nas famílias. Nestas, esta tendência a "ser o manda chuva" é, na maioria das vezes, aquele que tem o poder econômico, seja lá a família mais pobre que for. Antes, eram os homens das famílias, agora começa o domínio da mulheres. Até entre os andarilhos há estas hierarquias de comando, controle e exploração uns dos outros. Enfim, vivemos uma crise de descoberta : a de que a natureza humana é, por impulso de procriação e continuidade, inerentemente dominante. E agora ?....
A tentativa das religiões de trazer unidade e justiça
As religiões querem transformar a causa desta tendência inerente no ser humano, mas se esbarra em obrigar a seus seguidores a crença da verdade, o que é uma incoerência. Crer é necessário ao espírito humano, mas como você deve crer que a crença é uma verdade ? Impossível. Você deve crer em possibilidades, e nada mais. Não deve estruturar o seu modo de vida em possibilidades. Se você transforma possibilidades em verdade incontesta, você não estará sendo verdadeiro. Não sou contra as religiões, muito ao contrário. O mesmo acontece com as outras crenças : espiritualistas, esotéricas, exotéricas e todo e qualquer movimento que incute nas pessoas (propositadamente, ou não) que elas devem crer que suas crenças são verdades. Mas também precisam existir. Fazem parte do processo de aquisição permanente e temporal do conhecimento. Se as pessoas não passarem por este estágio de crer que suas crenças são verdades, não chegarão um dia na luz do conhecimento. Além disso, crendo que suas crenças são verdades, as pessoas se transformam para a adoção de valores éticos saudáveis e necessários para a harmonia e a justiça entre os homens, mesmo que creiam em coisas que um dia descobrirão que não existem. Enfim, qualquer religião ou sistema de crenças são saudáveis, desde que transformem as pessoas para serem melhores em seus comportamentos sociais e não as emburreçam.
Porém, não conseguiram até hoje
No entanto, as grandes religiões do mundo e todos os seus segmentos, não conseguiram, até hoje, transformar o caráter da maioria dos indivíduos, embora este processo está em execução. Pelo fato de serem muitas, com uma enorme multiplicidade de sub-divisões, as religiões perdem a força para transmitirem o que mais almejam : a união, o amor e a justiça. Sobre outro enfoque, a multiplicidade de religiões e movimentos espiritualistas e esotéricos, são elementos essenciais para possibilitarem formas de expressão diferenciadas às pessoas, desde que cada indivíduo, ou grupo, transita em níveis diferentes de compreensão e consciência.
Crer é necessário, mas nenhuma crença pode ser afirmada como verdade
Crer nos valores, tais como a veracidade, a honestidade e a justiça, não é crença, é entender algumas qualidades humanas como essenciais à vida em sociedade. Crer que são inspiradas por um poder para além de si mesmas, é bonito, é sublime, mas não se pode afirmar que a fonte, ou fontes, desta inspiração é ou são, necessariamente, verdades. Crer em dogmas ou possíveis realidades para além da morte, ou em controle de outras civilizações planetárias sobre os humanos, é crer em possibilidades. Estas possibilidades realmente existem, como possibilidades. Mas não são verdades, enquanto não se confirmarem. Isto não é racionalismo. É ser amante da verdade. Porque, quem crê que possibilidades são verdades, além de incoerente, estará sendo amante do incerto. No entanto, é preciso crer, pois aqueles que não creem, estão enclausurados na imobilidade da não-vida. A vida existe porque tateia, por milhares de anos, as quase infinitas possibilidades que o caos lhe impõe, descobrindo e se firmando naquelas que lhe dão evolução e permanência. Crer é sentimento, necessário até ao cientista, que crê que sua hipótese é boa, é viável, é possível, mas nunca afirma que sua hipótese seja um fato (ou verdade).
Porém, não conseguiram até hoje
No entanto, as grandes religiões do mundo e todos os seus segmentos, não conseguiram, até hoje, transformar o caráter da maioria dos indivíduos, embora este processo está em execução. Pelo fato de serem muitas, com uma enorme multiplicidade de sub-divisões, as religiões perdem a força para transmitirem o que mais almejam : a união, o amor e a justiça. Sobre outro enfoque, a multiplicidade de religiões e movimentos espiritualistas e esotéricos, são elementos essenciais para possibilitarem formas de expressão diferenciadas às pessoas, desde que cada indivíduo, ou grupo, transita em níveis diferentes de compreensão e consciência.
Crer é necessário, mas nenhuma crença pode ser afirmada como verdade
Crer nos valores, tais como a veracidade, a honestidade e a justiça, não é crença, é entender algumas qualidades humanas como essenciais à vida em sociedade. Crer que são inspiradas por um poder para além de si mesmas, é bonito, é sublime, mas não se pode afirmar que a fonte, ou fontes, desta inspiração é ou são, necessariamente, verdades. Crer em dogmas ou possíveis realidades para além da morte, ou em controle de outras civilizações planetárias sobre os humanos, é crer em possibilidades. Estas possibilidades realmente existem, como possibilidades. Mas não são verdades, enquanto não se confirmarem. Isto não é racionalismo. É ser amante da verdade. Porque, quem crê que possibilidades são verdades, além de incoerente, estará sendo amante do incerto. No entanto, é preciso crer, pois aqueles que não creem, estão enclausurados na imobilidade da não-vida. A vida existe porque tateia, por milhares de anos, as quase infinitas possibilidades que o caos lhe impõe, descobrindo e se firmando naquelas que lhe dão evolução e permanência. Crer é sentimento, necessário até ao cientista, que crê que sua hipótese é boa, é viável, é possível, mas nunca afirma que sua hipótese seja um fato (ou verdade).
Os valores éticos e a organização de um povo
Os valores éticos de um povo, ou de uma nação, influenciam enormemente a sua forma de organização e a condução dos seus assuntos públicos. Se no Brasil temos muita corrupção, é porque os nossos valores éticos permitiram que a corrupção se inserisse nas mentes e nas personalidades individuais dos brasileiros. Se queremos um país justo, temos de começar a cultivar a justiça primeiramente nos indivíduos, depois em formas organizadas de educação, como através das escolas e dos meios de comunicação.
A relação com as religiões
Então, percebe-se aqui a relação direta entre religiões, os movimentos que transmitem qualidades comportamentais com os requerimentos de completa justiça reivindicados nas manifestações populares.
Então, percebe-se aqui a relação direta entre religiões, os movimentos que transmitem qualidades comportamentais com os requerimentos de completa justiça reivindicados nas manifestações populares.
Além de ir às ruas, vamos dar uma volta dentro de nós mesmos e ver como podemos provocar uma revolução em nossos interiores !! Cada um, conforme suas próprias convicções.
As más tendências não foram até hoje, pelo menos controladas
Se a tendência apropriante, dominadora e oportunista dos seres humanos não foi devidamente controlada (pelo menos) pelas religiões e outras instituições ou movimentos, então temos de lançar mão da educação ética sem qualquer vinculo aos vários segmentos religiosos e outros, a fim de proporcionar mais um instrumento para apressar a mudança dos valores éticos dos brasileiros.
A educação ética, um novo instrumento
Este novo instrumento deve ser utilizado pelo governo e a sociedade civil organizada e informal. Ao governo competiria a inclusão de disciplinas escolares, tais como relações interpessoais, psicologia e filosofia em todas as unidades de ensino, desde as creches até as universidades. Porém, com as devidas restrições em seus conteúdos para não ferirem as convicções de alunos e famílias.
Uma disciplina a ser criada
Como a sociedade também é composta de pessoas e grupos das mais diversas formas de pensar e entender o mundo e a existência, sejam religiosas ou filosóficas, o Estado, em sua neutralidade, não pode incluir o ensino religioso e as escolas filosóficas como disciplinas obrigatórias nas escolas. No entanto, uma equipe composta por representantes das várias religiões, por psicólogos, por sociólogos e por filósofos, pode ser contratada pelo governo para extrair dos fundamentos religiosos, das técnicas de formação do caráter oferecidas pela psicologia, dos estudos das relações sociais e dos princípios básicos da filosofia, um conjunto de ensinamentos didáticos que transmitam aos estudantes, com total imparcialidade, características comportamentais imprescindíveis à felicidade pessoal e ao convívio social justo e harmonioso.
Poder público e sociedade devem implementar
Campanhas maciças que transmitam bons princípios para as relações sociais em família e em todos os níveis sociais, seriam implementados tanto pelo poder público, como pela sociedade civil. Se desejamos uma nação mais justa, solidária, honesta e todas as outras desejáveis qualidades do convívio social, devemos começar a fomentar tais características nas mentes e nos corações dos indivíduos. Em consequência, nossos governos serão cada vez mais honestos e nossos representantes serão cada vez mais dignos de sua elevada posição.
Campanhas maciças que transmitam bons princípios para as relações sociais em família e em todos os níveis sociais, seriam implementados tanto pelo poder público, como pela sociedade civil. Se desejamos uma nação mais justa, solidária, honesta e todas as outras desejáveis qualidades do convívio social, devemos começar a fomentar tais características nas mentes e nos corações dos indivíduos. Em consequência, nossos governos serão cada vez mais honestos e nossos representantes serão cada vez mais dignos de sua elevada posição.
Não há outra saída
De outra forma, por mais aparentemente viáveis alternativas de formas de governo e organização social que tentemos, sempre haverá o obstáculo do caráter mau formado dos brasileiros e, mais à frente, outras tentativas de maior justiça social serão frustradas. Esta é uma realidade em todos os países do mundo.
De outra forma, por mais aparentemente viáveis alternativas de formas de governo e organização social que tentemos, sempre haverá o obstáculo do caráter mau formado dos brasileiros e, mais à frente, outras tentativas de maior justiça social serão frustradas. Esta é uma realidade em todos os países do mundo.
Então, "mãos à obra" !! Vamos urgentemente reeducar os valores éticos de nossas crianças, jovens e adultos !! Mais uma bandeira para as manifestações populares !!
Luiz A. V. Spinola, 22/06/2013
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